A realidade virtual e a realidade aumentada têm um grande potencial para quebrar barreiras de interface com a tecnologia e resolver problemas de forma mais eficiente e é nas empresas que a Lenovo está agora a apostar com a marca ThinkReality, anunciada durante o Lenovo Accelerate 2019, em Orlando.

A Lenovo já tinha avançado na área de consumo com o Lenovo Mirage AR e o jogo Star Wars Jedi Challenge, mas também com o Lenovo Explorer, que o SAPO TEK experimentou na IFA em 2017, mas agora a empresa quer tornar esta área mais “séria” com soluções empresariais, onde o potencial é enorme, como explicou Jon Pershke, vice presidente de Estratégia e desenvolvimento de negócios emergentes da Lenovo.

“A tecnologia está ainda na fase inicial mas eventualmente vai estar em todo o lado”, afirmou, explicando que a Lenovo já está a trabalhar com a Airbus nesta área e que desenvolveu uma plataforma que pretende ajudar as empresas a adaptarem as suas aplicações e conteúdos de forma mais fácil para a realidade aumentada, com funções e software já pré desenvolvido.

No Accelerate 2019 a Lenovo tinha em demonstração uma solução para reparar computadores portáteis, onde através dos óculos era possível identificar os componentes, ver o manual e seguir passo a passo as instruções, libertando as mãos para a tarefa de reparação propriamente dita. O software permite ainda comandos de voz para introdução de dados, e basta movimentar o olhar para o local certo para fazer a seleção das caixas de opções dentro do software. Sempre sem perder o contacto com a realidade.

A experiência não é ainda completamente fluída e experimentámos alguma oscilação da imagem e paragens que mostram que a tecnologia está em desenvolvimento, mas a verdade é que a Lenovo ainda não tenciona disponibilizar já ao mercado a solução, embora já tenha aberto o SDK a developers e tencione vender “um número limitado” de óculos.

A plataforma, que tem uma nova marca baseada no nome Think, a ThinkReality, é claramente concorrente do Hololens da Microsoft, e também de outras soluções de realidade aumentada que estão a chegar ao mercado, mas a Lenovo posiciona-a como agnóstica em termos de cloud e também de headsets que podem ser utilizados.

Óculos de realidade aumentada mais leves e modulares

Os óculos ThinkReality A6 são um elemento importante da estratégia e a Lenovo colocou bastante esforço no seu desenvolvimento, apostando num modelo mais leve e retirando dos óculos alguns componentes, que podem ser usados num cinto à cintura ou pendurados ao pescoço. É uma caixa que recebe a unidade de processamento local e a bateria para quatro horas de utilização, que pode ser mudada de forma fácil.

O próprio modelo dos ThinkReality A6 permite a configuração para fazer todo o processamento da informação localmente, em situações em que não há grande conetividade, ou optar pela cloud, o que torna o conceito ainda mais flexível.

Com apenas 380 gramas de peso, os óculos foram desenhados para serem confortáveis de utilizar durante longos períodos e pode ser usados em conjunto com óculos de leitura.

Na parte da frente têm duas câmaras de olho de peixe para captar movimento, e o Deep Sensor para mapeamento espacial, uma outra câmara de 13 MB RGB pra vídeo e fotografia, e as lentes são resistentes a impactos. O campo de visão é de 40 graus, e a resolução de 1080p por olho.

O processamento é assegurado por uma plataforma Qualcomm Snapdragon 845 Mobile XR para Android que é conjugado com a ótica da Lumus  e a unidade de processamento de vídeo (VPU) Intel Movidius.

Não há ainda indicação sobre a data em que a Lenovo poderá colocar o sistema à venda de forma massificada, e para já serão disponibilizados numa edição muito limitada, garantiu Jon Pershke.