Cinco minutos não é muito tempo, mas as startups já estão habituadas a "pitch" curtos, e as que participaram no programa de aceleração NovAnalytics souberam “esticar” o espaço para mostrar as ideias que desenvolveram ao longo do último ano, algumas das quais já acumularam outras experiências e investigação anterior.

Check my Business, Desire Maker, Global Intelligence Insight, origamiHUB e SingleLink foram cinco as startups finalistas que aproveitaram o evento de Graduation Day para mostrar como a data science pode ter impacto em áreas tão diferentes como a ciberdefesa, a relação dos jovens com entidades bancárias ou a medicina de precisão. Inteligência Artificial, Machine Learning e outras metodologias de análise de dados fazem parte da lógica aplicada nos projetos de empreendedorismo que nasceram no programa que promove a criação de empresas e que tira partido da investigação desenvolvida na Nova IMS.

“É gratificante ver a trajetória de aprendizagem que as equipas fizeram”, afirmou ao SAPO TEK Pedro Saraiva, Diretor da Nova IMS, sublinhando que esta especialização “encaixa muito bem na nossa matriz em termos de investigação”. “São projetos empreendedores que estão a amadurecer através dos parceiros que acompanharam, mas sempre com enfoque nas oportunidades que data science trazem a este mundo novo dos dados”, refere.

O NOVAnalytics Accelerator contou com o apoio de várias empresas, entre as quais a Compta, Altice, Accenture, AWS, CGD, EDP, IBM, Microsoft, SAS e SAP, sempre com foco na analítica de dados e garantindo o apoio de mentores na validação e avaliação de ideias mas também no apoio ao go to market, com investidores.

Embora reconhecendo que os projetos estão em fases de maturidade diferentes, Pedro Saraiva defende que há aqui “potencial para estar a falar de ideias que daqui a 3 ou 4 anos darão cartas”. “Não era surpresa se algumas destas empresa viessem a ser grandes bandeiras do empreendedorismo focado em data science em Portugal”, admitiu ao SAPO TEK.

A promoção de um ecossistema de inovação foi também destacada por Miguel de Castro Neto, subdiretor da Nova IMS, que na sua intervenção elogiou a iniciativa dos alunos e referiu a possibilidade de poder sair destes projetos um dos próximos unicórnios portugueses, que se pode juntar à Farfetch, à Talkdesk ou à Outsystems.

Do lado das empresas que fazem parte deste ecossistema, Luis Curvelo, marketing e innovation da Compta, afirma que estas iniciativas são uma porta aberta para a inovação, e que se houver alguma ideia que faça sentido para o negócio da empresa existe “uma via rápida para fazer o investimento”. Este é um dos objetivos mas manter o contacto com a comunidade é sempre uma mais valia para uma empresa que já está há 40 anos no mercado e quer continuar a inovar.

O sucesso da primeira edição faz com que o diretor da Nova IMS já esteja a pensar numa repetição no próximo ano, e com o dobro dos projetos, mas sem descurar o acompanhamento a estas ideias agora apresentadas.

Um mundo onde os dados trazem mais valor

Pedro Saraiva afirma que as empresas portuguesas estão a despertar cada vez mais intensamente para o valor acrescentado de uma boa análise de dados que as ferramentas que estão atualmente à disposição pode trazer. Para o diretor da Nova IMS isso explica o crescimento da escola, que cresce 15% ao ano, e que tem uma participação crescente de profissionais do mundo empresarial – mais de 1.000 dos 2.300 alunos estão neste regime em modelos pós-laboral.

“Este despertar para data science está a acontecer em Portugal mas é bom ter consciência que está a acontecer em paralelo no mundo inteiro”, afirma ainda., defendendo que o fator que diferencia a Nova é fazer a investigação aliada ao ensino. “Temos as melhores empresas e os melhores investigadores a conceber o mundo do data science”, afirma.

Entre os exemplos mais felizes desta fusão aponta o projeto Origami, proposto por dois alunos de doutoramento que criaram uma abordagem de algoritmos de inteligência artificial com elementos evolutivos, que aprende com os dados que a vêm alimentar. “Este projeto faz quase o pleno, alunos que investigam numa área onde lideramos a nível internacional e que estão a tentar levar esse conhecimento para o mundo exterior numa boa startup”, explica.

Para além de projetar já uma segunda edição do NOVAnalytics Accelerator, Pedro Saraiva quer continuar a aprofundar e alargar a ligação a empresas na Nova IMS, uma lógica que faz parte do ADN da escola que está a celebrar os 30 anos.