Em junho, a startup AImotive foi distinguida como a empresa de software para a indústria automóvel mais financiada da Europa. O CEO da empresa, Laszlo Kishonti, explicou que a indústria automóvel tem vindo a transformar-se nos últimos anos, com a entrada de novas tecnológicas repletas de ideias disruptivas.

Acrescenta que se trata de uma indústria estagnada nos últimos 50 anos no que diz respeito ao grupo das principais fabricantes que até então nunca tiveram concorrência. O capital elevado necessário para entrar no mercado, o investimento em investigação e desenvolvimento e os altos requisitos no que diz respeito a segurança e durabilidade tornaram praticamente impossível a entrada de novos players.

No seu discurso, a pandemia obrigou as empresas a transformarem-se e a repensarem os seus negócios no geral. E no caso da indústria automóvel, Laszlo Kishonti afirma que a indústria já estava a sofrer transformações, mas foi agora acelerada devido à crise. Tecnologias como a eletrificação dos veículos, os sistemas automatizados de condução e toda a digitalização das dashboards têm ganho espaço de crescimento, paralelamente à crise no sector. E isto porque o seu foco está no lado do software, e não dependente do hardware.

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Essa mudança de paradigma faz com que as barreiras que anteriormente impediam a entrada de novos players deixem de existir, ou pelo menos, sejam atenuadas com a nova tecnologia. Há mais investidores interessados na tecnologia inovadora, logo mais fundos para as empresas que querem entrar na indústria. Os novos fornecedores de chassis de “marca branca” simplificam a entrada no negócio. As gigantes tecnológicas tornaram-se também um substituto válido às empresas tradicionais na indústria automóvel, dando o exemplo da Google que investiu da Waymo.

Laszlo Kishonti afirma que a atual pandemia acelerou certas tendências, tendo causado prejuízos a empresas dependentes de hardware, enquanto que aqueles que estão assentes em software reverteram a tendência e têm crescido muito rapidamente. As fabricantes têm perdido clientes, logo o seu volume de vendas decresceu, e para cortar custos houve encerramentos das grandes fábricas, gerando um círculo vicioso sem grande fim à vista. Conclui referindo que a oferta tradicional dos produtos automóveis perdeu tração.

Do outro lado da balança, os novos players na indústria, dependentes de soluções por software, viram as suas vendas aumentar e a tornarem-se os novos campeões do mercado. Basta olhar para a Tesla de Elon Musk que no último ano cresceu exponencialmente. O software é agora a nova “mina de ouro” na indústria automóvel.

Fazendo um exercício sobre algumas das crises que aconteceram nos últimos 40 ou 50 anos, Laszlo Kishonti exemplifica que empresas tecnológicas como a Apple e a Microsoft beneficiaram em 1973 da crise do petróleo, assim como a pequena Amazon, na altura, superou em 2000 as bolhas da especulação dot.com, tornando-se a gigante do retalho online que conhecemos hoje. No entanto, ainda não sabe quem vai ganhar a nova crise de 2020 potenciada pela pandemia, mas aposta todas as suas fichas em empresas tecnológicas.

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