Enquanto marca de baixa e média gama, a BQ está, à partida, limitada nas capacidades que pode oferecer com os seus smartphones. Com orçamentos limitados e fasquias de preço para cumprir na venda ao público, a tecnológica espanhola joga com o que pode, fazendo aquilo que a criatividade, o conhecimento técnico, as condicionantes e os seus recursos permitirem.

Os seus últimos equipamentos são um bom exemplo da gestão certeira destas variáveis. Focados na fotografia, o Aquaris X e o X Pro não se destacam dos demais pelo salto que dão no espectro de preço, mas sim pela qualidade, que deixa o restante portefólio da empresa espanhola a uns bons quilómetros de distância.

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Se procura um smartphone que não custe o preço de um rim, mas que ainda assim mantenha um nível de performance acima da média, com boa câmara e um bom design, anote estes nomes.

Design

No que ao aspecto destes smartphones diz respeito, a BQ decidiu não arrojar. Dando seguimento a uma filosofia minimalista, que já tem orientado o desenvolvimento de outros equipamentos da marca, os novos Aquaris X e X Pro conseguem ser atraentes ao mesmo tempo que exibem o mínimo.

No caso do X, encontramos um smartphone construído em plástico, mas que, nem por isso, transmite uma sensação de fragilidade. O acabamento baço confere-lhe aderência e a moldura metálica que o envolve esconde as arestas das tampas traseiras e frontais numa ligeira curva, fazendo com que o telefone pareça uma peça única e sem quaisquer partes distinguíveis à vista desarmada.

Outro dos pormenores positivos é a supressão das molduras laterais ao mínimo essencial. De relance, chega a dar a impressão que o ecrã continua para além dos limites do equipamento, como se estivéssemos a manusear um smartphone com display Edge.

Para um telemóvel de média e baixa gama, estes são pontos assinaláveis, que transformam um smartphone económico num gadget de design superior.

No X Pro, as opções estéticas não são substancialmente diferentes. A maior é talvez a tampa traseira, que em vez de plástico, se ergue num vidro 3D polido e esmaltado. O acabamento dá um aspecto premium ao telemóvel, mas também o torna mais escorregadio, tornando-se imperativo cobri-lo com uma capa protetora.

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Especificações e Performance

Embora não fiquem particularmente longe um do outro na qualidade das suas especificações, o X Pro destaca-se ligeiramente por pormenores que vão fazer a diferença na utilização do smartphone.

Na melhor configuração possível desta versão, o utilizador vai encontrar um ecrã LCD IPS FHD de 5,2 polegadas, com uma resolução de 1080 x 1920, um processador octa-core Snapdragon 626 de até 2,2 GHz, uma RAM de até 4GB, uma memória interna de 128GB expansível via microSD, bateria de 3.100 mAh, leitor de impressões digitais e sistema operativo Android Nougat (7.1.1) - as câmaras também lá estão, mas ficam para depois.

Nas entradas conta-se uma entrada USB-C, uma entrada para auscultadores e suporte para dual-sim.

O X, embora mais modesto no preço, não fica muitos furos abaixo do irmão. O ecrã espande-se ao longo do mesmo número de polegadas, a bateria é, também ela, de 3.100 mAh, e o processador integrado é igual. As diferenças mais substanciais estabelecem-se no campo das câmaras, mas há ainda alguns elementos que podemos destacar, como a RAM, por exemplo, que aqui chega apenas aos 3GB, e a memória interna de 32GB (expansível).

Ao contrário do que seria expectável, não há pontos muito negativos a assinalar na performance destes equipamentos. Embora tenhamos passado mais tempo com o X do que com o X Pro, ambos foram capazes de oferecer um desempenho acima do esperado, com fluidez e competência, mesmo quando o colocámos à prova perante algumas das aplicações mais pesadas da Play Store.

O único inconveniente que pode ficar na retina é o tempo que algumas das aplicações demoram a lançar, que embora não seja substancial, salta ligeiramente à vista, especialmente quando altera entre uma app mais leve, como o Messenger, e uma outra mais pesada, como o Dead Trigger 2.

O desempenho na rodagem de jogos também não mereceu grandes reparos. Asphalt 8, Dead Trigger 2, Room e Oceanhorn apresentaram-se fluídos em ambos os telefones, mas fizeram-nos aquecer ligeiramente - nada de preocupante, no entanto.

Em suma, acreditamos que a performance foi superior ao preço. Ou que pelo menos o compensa, se for mais exigente.

A bateria é suficiente para um dia e meio de utilização, mas se passar muito tempo a jogar ou a gravar, espere uma duração de 12 a 14 horas. Neste âmbito, o X Pro pode apresentar uma resistência em alguns minutos inferior ao X.

Câmara

Em março, quando fomos conhecer de perto os novos Aquaris X e X Pro, os responsáveis da tecnológica assumiram, em declarações à imprensa, que estes equipamentos tinham o objetivo de "revolucionar por completo o conceito de fotografia nesta gama de preço". Desta forma, não conseguimos segurar as expectativas e deixámo-las voar lá para o alto. Os resultados não foram decepcionantes, mas foram claramente melhores num dos smartphones.

No X, encontramos uma câmara traseira de 16MP com um sensor Sony iMX298 e uma abertura focal de f/2.0. Com ela, é ainda possível gravar vídeos em 4K a 30 frames por segundo e em câmara lenta a 120 fps. O modo auto HDR trata de embelezar as imagens e os mais hábeis com as aplicações de edição podem ainda aventurar-se com a possibilidade de capturar fotografias em formato RAW e com a app da câmara, que disponibiliza várias opções ajustáveis (ISO, focagem, exposição).

O sensor frontal, um Samsung S5K4H8YX, é de 8MP e tem uma abertura de f/2.0. Grava a 1080p a 60 fps e articula-se ainda com um software de embelezamento facial para aprimorar as suas selfies.

Os resultados podem não ajudar a BQ a concretizar a sua intenção de revolucionar este segmento de mercado, mas são bastante satisfatórios, captando um bom nível de detalhe, mesmo aos planos mais distantes da objetiva.

O que se nota de menos aprimorado nestes resultados é o contraste. Em fotografias de planos mais distantes, as cores perdem parte da sua saturação e misturam-se ligeiramente com os tons envolventes. Este problema acentua-se caso a iluminação não seja a melhor.

Esta variável, embora impacte negativamente na qualidade final das imagens, não é fatal, e apenas sobressai em alguns casos.

Em condições de pouca iluminação, os resultados também foram satisfatórios, absorvendo bem a luz existente.

A câmara frontal, que conta com um flash LED, também é capaz de captar selfies com algum detalhe, mas os vídeos não nos agradaram tanto, uma vez que não parecem acompanhar a promessa teórica dos 1080p.

As fotografias do Aquaris X Pro são melhores e as diferenças são facilmente detetáveis. Mesmo com um sensor fotográfico traseiro de apenas 12 megapíxeis - que, como já deve saber, não são um indicador muito fiável da qualidade de uma câmara - o telefone consegue colmatar exatamente aquilo em que a versão mais "light" peca: os contrastes. Em consequência, não é tão provável que se cruze com zonas onde os elementos não estão tão bem delineados.

Apesar de poder parecer um pormenor irrelevante, a verdade é que, na maioria das fotografias, este pormenor faz uma grande diferença a todos os níveis: no detalhe, na definição e na cor.

As fotografias em condições de iluminação reduzida também são superiores, sendo que, neste caso, as cores reproduzidas são muito mais fiéis às reais, ao passo que o X se perde ligeiramente quando existem fontes de luz artificial, absorvendo esse tom para iluminar todos os espaços visíveis.

A última crítica é dirigida ao delay que existe entre o clique no obturador, a captação da imagem e o processamento da mesma, que, em alguns casos, o poderá levar a perder um bom plano.

Note que, apesar de algumas falhas ao nível da fotografia, estes são dois equipamentos que cumprem com a expectativa e chegam a superá-la em certos casos. As câmaras são boas, para o preço que paga por elas - não nos interprete mal - mas as empresas tendem a cair na exacerbação das características mais apelativas de um equipamento, prometendo, por vezes, coisas que simplesmente não se concretizam.

Este não é um equipamento que revoluciona a fotografia na gama média desta indústria, mas talvez fique uns furos acima de vários outros equipamentos que têm um preço semelhante. Percebemos que, para as equipas de marketing, esta não seja uma máxima tão apelativa, mas, o que interessa, é que é a real.

Se está a pensar adquirir um smartphone mais em conta, que cumpre com as suas câmaras e que oferece um desempenho acima da média, o Aquaris X e o Aquaris X Pro são duas boas opções. Ambos estão jà venda em Portugal por 289,90 euros e por 339,90 euros, respetivamente.